Twitter pressiona jornais

Do já batido "Cala a boca, Galvão", a um erro de inserção publicitária do jornal Folha de S.Paulo. Parece não importar mais o teor do assunto, mas, sim, o grandioso impacto que os famosos 140 caracteres do Twitter têm sobre grandes grupos de mídia. De forma rara na história da mídia brasileira, TV e jornal impresso cederam ao boca a boca, que cresce cada vez mais na era digital.
Após fazer com que a Globo reconhecesse - e apoiasse - o movimento que zombava seu principal locutor esportivo, dessa vez foi a Folha que teve de considerar a rede de microblogs. O erro na inserção de anúncio do supermercado Extra(relembre) rendeu texto publicado no último domingo por Suzana Singer, ombusdman, que fez jus ao cargo (criticar o jornal). "O que parece óbvio para muitas empresas é uma pequena revolução na Barão de Limeira.A Folha costumava ter uma atitude estoica diante dos bombardeios que sofre no mundo digital".
Suzana se refere à mudança de postura frente à opinião que se dissipa na internet. O erro da inserção publicitária ocupava pequeno espaço no jornal e "teria passado sem tanta repercussão não fosse o Twitter", segundo ela própria. Porém, a gafe se espalhou rapidamente pela rede de 10 milhões de brasileiros, motivou protestos, e até gerou crítica de Abílio Diniz, dono do grupo Pão de Açúcar, ao qual o Extra pertence.
A confusão foi grande. Suficiente para que virasse notícia em sites na internet e chegasse até o jornal inglês The Guardian, que relatava o fato a seus leitores ao título "Anúncio de jornal elimina Brasil das finais". "Isso sim é hardnews!", disse a ombudsman, ao comentar que um erro de inserção publicitária ganhou status de notícia. Se não houvesse internet, dificilmente 140 caracteres teriam tanto poder assim.
Diante do fuzuê, a Folha encarou o problema. Além de se desculpar oficialmente, se pronunciou aos que comentavam pelo Twitter de forma a ilustrar a tal nova postura do impresso, que há menos de três meses criou o cargo de editor de mídias sociais. "O jornal precisa se fazer ouvir e dialogar também no ambiente das mídias sociais", afirma a Secretária de Redação da Folha em declaração no texto de Suzana Singer.
Jornalismo na discussão
Para o professor de jornalismo da PUC, Marcos Cripa, o uso de novas tecnologias deve ser usado em prol da sociedade. "Precisamos estar atentos à utilização. Quando vem no sentido da democratização, é bom", afirma em reconhecimento à rapidez de ferramentas sociais. Porém, defende também que o diálogo direto entre mídia e sociedade deveria ser prática comum, independente de tecnologia. "A tecnologia por si só não resolve. É cunha para abrir mais a discussão. Mas isso já deveria ter sido feito independente de computador".
Na PUC, o professor informa que a escola de jornalismo tem a preocupação com novas mídias, mas alerta para a importância dos princípios básicos da profissão. "Temos que estar preocupados com a ética, responsabilidade, ouvir pessoas corretas. Isso a tecnologia não resolve".
Por Marcelo Gripa

 Fonte: adnews

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