As novas redes sociais

Antes mesmo que existisse a internet, havia redes sociais, pessoas unidas por um ideal em comum, sem um líder, ou seja, poder descentralizado. "Agora redes sociais para os autores `modernos´ são sites de relacionamento virtuais, que propiciam as pessoas a se conectarem, estreitando os laços de interesse", é o que afirma Israel Scussel Degásperi, publicitário e pós-graduado em Novas Mídias, Rádio e TV.

Recentemente, a apresentadora Glenda Kozlowski, do Globo Esporte, foi infeliz na grafia da palavra cinismo em seu Twitter, o que gerou um verdadeiro ataque dos internautas. Ao trocar o C pelo S ("sinismo"), a apresentadora foi bombardeada pelos seus seguidores na rede social. Na transmissão da abertura da Copa do Mundo feita pela Rede Globo, os comentários de Galvão Bueno não agradaram a milhares de internautas o que gerou, ainda no Twitter, uma "campanha" intitulada Cala a Boca Galvão. O movimento Cala a Boca Galvão foi parar no TT mundial do Twitter. Os TTs são divididos por algumas regiões do mundo (EUA, Brasil, Reino Unido etc.) e existe o TT Worldwide, ou seja, os tópicos mais discutidos no mundo de forma geral.

Exemplos como esses estão entre os milhares de fatos ocorridos diariamente a partir de interação pelas redes sociais e demonstram a conexão entre os diversos públicos e mídias na formação da opinião pública. Para Degásperi, as redes sociais são pessoas unidas com um objetivo em comum (uma passeata organizada pelas pessoas que são contra o aborto, por exemplo) e isso pode ser uma comunidade num serviço online de relacionamento (Orkut, Facebook ou o Ning).

Israel Degásperi já foi eleito um dos 100 perfis mais relevantes para serem seguidos no Twitter sobre mídias sociais no Brasil. Para ele, as redes sociais são um novo modelo de comunicação e têm como principal característica a interação. "Com um tweet ou um vídeo no YouTube, podemos reclamar de um produto ou serviço sendo que antes a nossa única fonte de informação era a TV ou o rádio, num modelo de comunicação unilateral e caro, que não era acessível para a maioria das pessoas" explica.

Uma ferramenta de campanha política
Aos 24 anos e graduado em Jornalismo, o itabunense Diego Macedo é usuário das redes sociais Orkut e Twitter, mas não esconde a afinidade pela segunda. "Me identifico mais com o Twitter, pois hoje é uma ferramenta necessária para me manter bem informado sobre o que está acontecendo no mundo, através de informações de alguns blogs, sites, empresas de comunicação e comunicadores que sigo", explica Diego.

Nas redes sociais todos podem produzir conteúdo, e essa é uma das principais características, a bilateralidade, ou sejam, a quebra do antigo modelo de comunicação Emissor->Receptor. Para Diego, essa é uma das características mais interessantes. "Colaboro emitindo algumas informações aos meus seguidores. Às vezes, com seriedade; às vezes, com um `dedinho´ cômico", complementa.

Estamos em ano eleitoral e o uso das redes sociais tornou-se uma ferramenta de campanha política. Mas será que o uso dessa nova tecnologia traz benefícios reais para os candidatos? Para Degásperi, estão especulando demais sobre este assunto: mídias sociais X eleições. "O efeito Obama está longe de se tornar realidade no Brasil por vários motivos", diz. Dentre os motivos, segundo ele, nos Estados Unidos as pessoas têm a cultura de doar dinheiro para campanhas políticas, e as redes sociais foram decisivas para se colocar essas pessoas em contato. "Quantos de nós, brasileiros comuns, doam dinheiro para candidatos políticos aqui no Brasil?", questiona o pesquisador.

Israel Degásperi acredita que os nossos políticos podem ter bons perfis em redes sociais e quem souber fazer bom uso dessas ferramentas vai se dar bem, mas não será um resultado expressivo. "Ainda vai demorar mais um pouco para ter um candidato no Brasil com esse case, semelhante ao do Obama" afirma. Atualmente, Degásperi se dedica a planejar estratégias em mídias sociais e gerenciar conteúdo.

Números e dados
Segundo um relatório divulgado pela empresa de pesquisa de marketing internet comScore, o Brasil é o quinto país que mais acessa redes sociais. O relatório foi divulgado no último dia 25 de agosto e, se comparado ao mesmo período do ano passado, o acesso teve um crescimento de 47%, saltando de 23,9 milhões de visitantes únicos para 35,2 milhões em julho deste ano. O relatório também confirmou que o Facebook superou o Orkut no país. Com um crescimento de 179% em um ano, o site saltou de 7 milhões para 20,8 milhões de usuários. No mesmo período, o Orkut foi de 17 para 19,8, uma elevação de 16%.

Para especialistas, usuários das classes A e B que estavam no Orkut migraram para o Facebook e o Twitter. Hoje, a rede social da Google, que cresceu 27% no último ano, ainda é dominante entre as classes C, D e E. Metade da base do Orkut hoje é a classe C. Para a Focusnetworks – agência de marketing digital –, o crescimento do Orkut no Brasil é sustentado basicamente pela entrada de brasileiros das classes sociais mais baixas na internet. "O Orkut faz sucesso porque é mais simples que o Facebook. As pessoas veem as fotos, leem as mensagens e fazem fofoca da vida dos outros. Por outro lado, Facebook e Twitter conquistaram os mais antenados", relata Rafael Kiso, diretor da Focusnetwork.

Por: Jaqueline de Jesus Cerqueira - Observatório da Imprensa

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