Redes Sociais não influenciam a mídia no Brasil

O sucesso das redes sociais no Brasil não fez delas um modelo ideal para produção de conteúdo relevante. Mesmo com tanta gente no Twitter, Orkut e Facebook, além dos blogueiros, é a grande mídia que continua pautando o dia a dia do brasileiro, de acordo com levantamento feito pela JWT.

A agência listou vários fatores que contribuem para essa realidade, mas destaca a fraca atuação dos blogs frente ao domínio dos grandes portais, cenário praticamente copiado da mídia tradicional. Enquanto nos Estados Unidos blogueiros sustentaram casos famosos - como a morte de Michael Jackson, noticiada pelo TMZ –, no Brasil quem dá as cartas são os grandes portais.

O país apresenta um cenário em que sete sites dominam a navegação local, com cerca de 75% dos pageviews: UOL, Terra, iG, Globo.com, Google (incluindo a busca, YouTube e Orkut), Microsoft Live e Yahoo!. Mesmo ao descontar Google e Live, que não produzem conteúdo, o Ibope mostra que os cinco restantes respondem por metade do tráfego de dados por aqui. Nos EUA, descontando Facebook, os seis maiores sites (Yahoo!, Youtube, Amazon.com, MSN, Live.com e Ebay) chegam a ter apenas 7,5% do tráfego.

O estudo constatou que a maioria daquilo que se fala através de redes sociais é puramente pessoal. Isso acontece principalmente fora dos blogs – que deveriam investir na produção de pautas. Isso significa que as conversas até acontecem nas redes, mas são, em sua maioria, geradas pela mídia tradicional.

Jornalistas entrevistados pela agência corroboram a ideia de que o boca a boca digital serve apenas para sentir os ânimos. "Com as mídias sociais muitas vezes nem é preciso sair às ruas para escrever uma matéria: basta seguir alguns globais e políticos no Twitter, fuçar perfis de personalidades no Orkut e verificar se um assunto é tendência", afirmou um deles.

A JWT acredita que isso seja fruto de três fatores: em primeiro lugar, os brasileiros estão habituados a navegar pelos grandes portais, que souberam investir para manter o giro da audiência; segundo, os investimentos estão concentrados nesses portais – por mais que a mídia online tenha recebido somente 5% dos investimentos publicitários em 2010, estima-se que os cinco principais sites tenham concentrado 50% do montante; e, por fim, com credibilidade e os investimentos necessários, os grandes não encontram empecilhos para se manter no poder.

A pesquisa

Para alcançar essas conclusões, a agência cruzou dados provenientes dos três maiores veículos jornalísticos brasileiros: Época, Veja e Jornal Nacional. Para Época e Jornal Nacional a abordagem foi mecânica: criou-se uma série de scripts que pegavam cada matéria de cada edição de 2010 e foram nalizados o tema e as palavras (no caso da Época). Como a Veja só libera seus arquivos em formato de imagens (via um client Flash) a pesquisa da revista foi limitada às capas e confirmando manualmente tendências apresentadas na pesquisa automatizada. No total foram estudadas 7.418 matérias.

Além disso, tudo que nasce em blogs, Twitter, Facebook, Orkut e sites do tipo foi levantado. Para estudar esse lado, foi usado o Google Trends e o Google Em Tempo Real, mais os relatórios que Twitter e Facebook divulgaram no final do ano, artigos em blogs e veículos convencionais.

Publicado em Adnews

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